Breve guia para saber mais sobre o trabalho de meio período no Japão
Se você tem alguma familiaridade com a língua japonesa, certamente já ouviu a palavra baito, não é? A palavra, na realidade, veio do alemão "arbeit" e deu, em japonês, no "arubaito" que, encurtado ficou como "baito". A palavra em alemão significa literalmente "trabalho", mas sua versão em japonês é normalmente traduzida para o português como "trabalho de meio período".
O sistema trabalhista japonês é um pouco diferente do brasileiro e uma dessas diferenças está nos trabalhos de meio período no país. O baito, na realidade, talvez seja mais próximo do nosso "bico" do que do "trabalho de meio período" porque não necessariamente é realizada em meio período. Mas, diferente do "bico", o baito é, majoritariamente, estabelecido por um vínculo formal (há contrato e etc.) com o contratante.
Nesta postagem vamos falar um pouco do baito, mas focando na experiência do estudante intercambista no Japão. Esperamos que você possa tirar suas dúvidas e conhecer mais esse sistema de trabalho japonês.
As principais características do baito
Baito, como comentado, é uma espécie de trabalho de meio período. Normalmente as áreas mais requisitadas para esse tipo de trabalho são as de atendimento ao cliente em lojas de conveniência, restaurantes, cafés etc. Outros ramos que contratam bastante nesse sistema é o de empresas de mudanças e o de trabalho em galpões. Uma outra possibilidade bem famosa, principalmente entre os estudantes intercambistas no Japão, é o trabalho de meio período em escolas de idiomas como professor de inglês.
A jornada de trabalho nos baito varia bastante. Existem os locais que possuem completa flexibilidade e você pode trabalhar um hora por dia e um dia por semana, se desejar, até vários dias por semana e por períodos mais extensos. Outros trabalhos já são menos flexíveis e possuem uma jornada mais delimitada.
O salário também é bem diversos a depender do trabalho. De modo geral, o salário mínimo no Japão é calculado por hora e possui, atualmente, uma média nacional geral de 1004 ienes por hora trabalhada. Como se trata de uma média, o valor sofre alterações de uma província para a outra. O mínimo atual em Okinawa, por exemplo, é 896 ienes, um dos mais baixos do país. Já o de Tóquio, o mais alto, é de 1113 ienes por hora. Você pode conferir os mínimos de cada província no site do Ministério da Saúde, do Trabalho e do Bem-Estar Social Japonês.
Intercâmbio estudantil e o baito
Apesar da grande variedade e da flexibilidade de horários e salários, o trabalho de meio período para estudantes intercambista possui algumas especificidades que precisam ser levadas em conta.
O primeiro e mais importante ponto é o fato de que, para o (a) intercambista no Japão que possui um visto de "Estudante" ("留学", ryûgaku), é necessário uma permissão especial para poder trabalhar em baito. Para isto, você terá que realizar uma Aplicação de Permissão para Realizar Outras Atividades não Contempladas pelo Visto Atual ("資格外活動許可申請書", shikakugai katsudô kyoka shinseisho).
Após conseguir a permissão, um carimbo será afixado em seu Cartão de Residência (zairyû kâdo), como no exemplo abaixo, e no seu passaporte.
Atualmente, para aqueles que já vivem no Japão e possuem o My Number Card, o processo já pode ser realizado online. Para mais detalhes consulte o link abaixo:
Contudo, se você ainda não possui um My Number Card ou esta chegando agora no Japão, você terá de realizar o procedimento presencialmente em algum escritório da Imigração. Consulte o link abaixo para saber mais sobre o processo de aplicação:
A depender do período e da disponibilidade, é possível pedir esta permissão assim que você aterrissa no Japão e receber seu Cartão de Residência. Para isso, você precisa apresentar o formulário do pedido já preenchido no momento de realizar as burocracias para entrar no país.
Um segundo ponto que você deve atentar é que estudantes intercambistas não podem realizar qualquer tipo de baito, além de também não poderem trabalhar por mais de 28h semanais.
O (a) intercambista não pode exercer os baitos que são enquadrados como trabalho em estabelecimentos de entretenimento adulto, como boates, bares, casas de jogos, cassinos (pachinko), casas de apostas e etc. Além disso, trabalhos em seguimentos ilegais também são, claro, proibidos. Então fique atento ao tipo de trabalho ao qual você esta se candidatando e ao tempo de trabalho semanal. Violações dessas diretrizes podem levar à punições legais, como a deportação por exemplo.
Antes de se candidatar e começar a trabalhar, certifique-se que você possui uma permissão para trabalho, que o trabalho é legal e se enquadra na sua permissão e que as horas semanais de trabalho não ultrapassem 28h.
Um último ponto que você deve tomar cuidado está relacionado à maneira como você chegou ao Japão. Se você é bolsistas de algum programa de fomento, confira primeiro se o programa que está te financiando permite a realização de atividades remuneradas. Realizar uma atividade que é expressamente proibida pelo programa e tipo de bolsa que você desfruta pode acarretar no cancelamento da bolsa.
Além disso, há também diretrizes mais específicas das universidades. Mesmo que o programa de fomento e a modalidade de bolsa permitam a realização de atividades remuneradas, algumas universidades têm como padrão a proibição destas atividades. Então não deixe de conferir também junto a sua universidades se não há nenhum impedimento.
Também há casos em que o orientador (principalmente no caso de estudantes de pós-graduação) pode barrar esse tipo de atividade e pedir que você dedique-se exclusivamente às atividades de pesquisa. É importante, portanto, sempre conversar com seu orientador para esclarecer esses ponto e evitar dores de cabeça futuras.
Mas, de modo geral, o baito é aceito na maioria dos casos. Recomendamos, contudo, sempre conversar de antemão com os responsáveis por sua estadia no Japão.
Aliais, uma outra oportunidade que costuma ser muito bem aceita tanto pelas universidades e pelos orientadores quanto pelas instituição de fomentos são os baitos oferecidos pelas próprias universidades. Não deixe de conferir junto a sua universidade as opções que possam existir!
O baito é uma ótima oportunidade para juntar um dinheiro extra para fazer aquela viagem durante as férias que você tanto sonhou, comprar um novo computador e etc. Além disso, também é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco o sistema de trabalho japonês e como as interações pessoas se dão nessas ocasiões. E, como extra, você ainda vai estar em um ambiente em que poderá colocar seu japonês em prática com falantes nativos do idioma!
Esperamos que você possa aproveitar sua estadia no Japão e, se tiver um tempinho em sua rotina de estudos, possa também ter a experiência de baito no país! Se você tiver alguma dúvida, sinta-se à vontade para comentar abaixo que responderemos com todo o prazer!